Ou então: Marco Feliciano fazendo escola…
Hoje o assunto é chato, polêmico e sempre me deixa pooota da vida.
Quando se é um estrangeiro, e temos que recomeçar tudo do zero tudo dá medo, né. Uma das coisas que mais me surpreendeu foi na universidade. Porque antes de começar eu tinha aquele medo constante de não conseguir acompanhar o ritmo, e de que os futuros colegas de classe me tratassem como incapaz/inferior. Mas o que aconteceu foi exatamente o contrário. :)
Nesse meu primeiro ano vivendo na Itália, devo admitir que foi muito melhor do que eu pensavaa que seria. Graças a God eu consegui me integrar na vida aqui, e todas as pessoas com quem tive contato sempre me acolheram muito bem.
Mas, infelizmente, sempre tem um fila da poota pra estragar, né… comigo não poderia ser diferente. Ha algumas semanas, eu estava saindo do hospital, onde tinha ido pra marcar uma consulta, e bem na porta principal tinha uma van estacionada, com muitas pessoas na frente com um megafone e cartazes. A van tinha a identificação de uma igreja evangélica muito famosa no Brasil, mas não vou citar o nome porque não quero ofender ninguém que faça parte dela. Afinal, não são todos que pensam da mesma forma. Eu espero!!
Essas pessoas todas, estavam alí na frente do hospital pra prostestar contra os negros, estrangeiros e homosexuais (WTF??).
Eles gritavam dizendo que nós erámos indignos que ocupar os mesmo espaços que eles (cadê Hitler??), que nós erámos impuros, que disseminávamos as ordens do “bicho preto” na terra. E que era culpa nossa, se a Itália está passando pela crise atual (cadê Berlusconi??).
Diziam que não erámos criaturas de Deus. Que Deus isso, e aquilo outro. A cada duas palavrinhas, enfiávam Deus nos meio… Preconceito desfarçado de religião. Que tristeza…
Eu, como negra e estrangeira, me senti tão ofendida, tão machucada que a única coisa que eu queria naquela hora era sair correndo dalí e parar de ouvir toda aquela merda. Minha raiva foi tão grande que nem tive ação, mas “por sorte” nenhum desses idiotas chegaram perto de mim, porque se acontecesse, se viessem apontar na minha cara (como fizerem com um rapaz negro que tambèm saia do hospital) ahhhh moleque… Aí sim, eles iam ver o bicho virar gente!
Corri pra parada de onibus, e o primeiro que parou eu entrei. Desabei no choro e uma senhorinha, branca, italiana, e muito simpática me perguntou se tava tudo bem. Eu disse que sim, que tinha sido só um “susto”. E ela me disse que todos os “sustos”, assim como todas as alegrias da nossas vida serviam pra nos ensinar alguma coisa. E que tudo, t-u-d-o, tinha uma razão de ser, sempre positiva. Bastava só a gente abrir os olhos pra ver.
Ela tava certa. Porque, naquele dia, e naquela hora essa senhorinha foi a minha conclusão positiva. Não importa quantos idiotas, extremitas, Marco Felicianos, preconceituosos existam por aí. Sempre vai ter alguém pra te confortar ou te dar um sorriso. Basta só prestar atenção.
Até agora não consigo explicar o motivo de tanto ódio. Só pode ser ignorância…