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terça-feira, 26 de março de 2013

Sobre as mudanças dessa vida

Não vim aqui pra filosofar, nem dá lição de moral, coitada de mim… Eu vim só desabafar.

Tem um velho ditado que diz, “a gente só dá valor quando perde” e ha muuuuito tempo eu aprendi que é a mais pura verdade. Mas de qualquer forma, não é sempre que a gente consegue manter a linha, e ter só momentos bonitos e positivos com as pessoas que fazem parte da nossa vida.

Quando eu paro pra pensar que não faz muito tempo, eu ainda estava chegando pro meu primeiro dia de universidade (no Brasil), meu primeiro emprego, a ansiedade em contar pros meus pais que tinha um trabalho, parece que tudo aconteceu ontem, mas não.

Se eu penso que ha pouco menos de um ano, meu pai me acompanhava pelo braço e se emocionava em deixar a sua criancinha crescer e fazer a sua própria vida. Que mesmo triste por ter que ficar longe de mim, ele estava feliz porque sabia que eu estava radiante, e que tinha encontrado a pessoa certa. Em pensar que ele estava orgulhoso de mim, por ter terminado os primeiros ciclos da minha vida, e que era hora de eu voar com minhas próprias asas…

Como toda relação muito próxima, a nossa também era cheia de altos e baixos. Mas, ainda que nossas palavras fossem duras, o meu sentimento, admiração e orgulho por ter ele como pai nunca e jamais foram enfraquecidos. E ele sabia.

No dia 05 de fevereiro, o meu maior medo desde que mudei de país virou realidade. Recebi uma ligação do meu irmão dizendo que meu pai estava mal no hospital, após ter sofrido um AVC. Meu mundo desabou.

Depois que ouvi isso, não lembro mais o que meu irmão disse, nem o que meu marido falava tentando, em vão, me confortar. Na mesma hora eu fui atrás de passagem, mas disseram que eu devia esperar ao menos dois dias, pra poderem ter certeza da real situação do meu pai. Foram dois dias em que eu acordava e respirava, mas não vivia. Não conseguia fazer nada, só esperar por mais informações.

Quando meu pai começava a dar sinais de reação e eu começava a me tranquilizar, a vida de novo decidiu que era hora de mudar. O telefone tocou aqui em casa as 5 da tarde, meu pai tinha entrado em coma, e no outro dia as 3 da tarde, eu já estava voando pro Brasil.

Conseguí estar com meu pai, vê-lo, falar com ele, que mesmo estando em uma situação muito delicada, eu sei, tenho a mais absoluta certeza, de que ele soube que eu estava lá, ao lado dele. Eu sei.

No dia 16 de fevereiro de 2013, meu pai me deixou.

Uma dor sem igual e inexplicável. Ele que era um homem de ferro pra mim, um homem que nunca vi doente, que ainda era novo, que era lúcido, ativo. Que era o meu pai, o homem que escolheu ser parte da minha vida.

paiTe amei ontem, te amo hoje e vou te amar sempre.  

Ainda tinham tantas coisas que eu queria ter dito pra ele, tantas outras eu ainda queria ter mostrado. Ainda tínhamos tantas coisas pra compartilhar, especialmente agora que nossas relação estava se fortalecendo ainda mais. Mas não tivemos tempo. Ou melhor, tivemos, mas eu não soube aproveitar.

Mas foi como ele me escreveu em um email ha algum tempo (e eu não quis dar bola, afinal, ele era meu homem de ferro): “Minha filha, uma pessoa tem três importantes grandes passagens na vida. O nascimento, o casamento e a morte. Eu acompanhei você nos dois primeiros, e me orgulho tanto disso. Se a vida for boa comigo eu não vou ver o seu terceiro grande momento.”

A vida e o mundo não nos esperam até estarmos prontos pra continuar de onde paramos, então eu prefiro mascarar/bloquear essa saudade, e seguir em frente continuando com os meus planos, porque eu sei que onde quer que meu pai esteja agora, ele está me vendo, e vai continuar a se orgulhar de mim.

Ainda dói. Dói muito. Mas hoje eu consegui vir aqui escrever pra vocês. E aos poucos vou voltando.

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11 comentários:

  1. Querida, eu sei EXATAMENTE como eh, porque tambem morava longe - ainda moro - quando o meu pai foi morar com Jesus. Eu corri pegar aviao quando ele foi internado e deram poucos dias. Dai eu cheguei la e ele melhorou e ficamos juntos, conversando, rindo, por quase um mes! Eu acho que ele me esperou.
    Doi sim, doi muito! mas voce vai ver que o tempo vai transformar a dor em saudades... que doi diferente! da ate uma alegria, sabe? quando a gente lembra dos momentos bons.
    Espero que as pessoas saibam respeitar seus sentimentos.
    um beijo grande

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    1. Obrigada pelas palavras, Luana.
      Realmente é difícil que os outros, que estão de fora, entendam e respeitem a gente num momento assim. É como se a gente não tivesse o direito de sofrer.
      Obrigada. Beijo

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  2. Tenho certeza absoluta que lá de cima seu paizinho se emocionou com as suas palavras. A ferida fica aberta mas as boas lembranças também nos acompanham para sempre. Vale sempre lembrar que você teve a felicidade e o privilégio de ter um pai lúcido e bom -- verdadeira bênção. Espero que Deus consiga aos poucos abrandar sua dor e confortar seu coração.
    Beijos

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  3. Tenho certeza que ele sabia o quanto você ama ele amiga, e ele continua sabendo onde quer que ele esteja. Deve ser muito ruim e dolorido, mas sei que você é forte e que tudo vai dá certo. Te amo eternamente.

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  4. Oi Manu! Tenho acompanhado seu blog e essa é a primeira vez que vou comentar aqui , gostaria que fosse em outras circunstâncias mas infelizmente não é . Tudo o que você escreveu nessa postagem é tão perfeitamente compreensível... Não quero que você se sinta culpada por não ter feito mais , por não ter falado mais, por não ter se expressado mais ... Não que você esteja se sentindo assim, eu só quero te dizer que você fez o seu melhor na medida do possível e conforme as suas forças . E sim, seu pai sabia do seu potencial e sabia que você estava lá. Sei que não há palavras que possam consolar seu coração nesse momento, então eu sugiro que você continue fazendo seu melhor porque dessa forma seu pai será homenageado sempre. Bjs e fica com Deus. Lana

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    1. Oi, Lana.
      Seja bem vinda.
      Obrigada de coração pelas tuas palavras. Tô tentando fazer o meu melhor. :)
      Beijo

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  5. Oi Manu...
    Eu, como a "desenhonacalçada", tenho acompanhado o seu blog...e é a primeira vez que posto um comentário.
    Gostaria de te desejar muita força e conforto neste momento tão frágil da sua vida.

    Beijos carinhosos :)

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  6. Tão triste, Manu...
    Ainda sinto tanto pela morte do meu pai que nem consigo me aprofundar e comentar sobre esses acontecimentos...
    A dor ameniza, mas a saudade fica pra sempre!
    Força!

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  7. Oi Manu, que triste! Ainda bem que você conseguiu chegar a tempo e pelo menos aproveitou os últimos momentos com ele. Um abraço bem apertado!

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